A educação transformada em mercadoria


A exemplo do mito grego do rei Midas, que transformava em ouro tudo o que tocava, o capitalismo transforma em mercadoria tudo aquilo em que põe as mãos. Grandes barões da educação vêm sucateando a educação no Brasil, sendo grupos como Anhanguera, Anima e Kroton alguns dos principais protagonistas da mercantilização da educação em terras tupiniquins.

Com capital aberto na bolsa de valores, esses grandes grupos do "negócio" da educação, comprometidos com os acionistas, vêm implantando medidas que visam maximizar os lucros, deixando a qualidade de ensino em segundo plano, apenas como um meio necessário para se garantir os ganhos.

É isso o que confirma à revista Veja a vice-presidente do Grupo Kroton, Alicia Figueiró, grupo que possui capital aberto na bolsa: “Outro fato que pode impulsionar a melhora do ensino diz respeito à simples lógica do mercado: faculdades muito ruins espantam os investidores e, por isso, aquelas que vão à bolsa têm de se preocupar mais com o lado acadêmico.” (Veja, Edição 2067, 2 de Julho de 2008).

Isso é, a qualidade da educação é considerada não como um fim em si mesma, ou como um meio para buscar o desenvolvimento soberano do país, mas sim como um meio para se alcançar o “bem supremo” do capital: o lucro.

Nessa mesma reportagem, Veja ainda revela: o Grupo Anhanguera “recebe investidores estrangeiros interessados em comprar suas ações”. Mas não é novidade para ninguém que investidores estrangeiros não têm o menor compromisso com a qualidade da educação em países de terceiro mundo. Isso só acontece, é claro, quando ela tem relação direta com seus investimentos.

Essas instituições, que pouco ou nada investem em projetos de pesquisa, empurram em seus discentes uma formação puramente tecnicista, da qual podemos dizer o mesmo que Marx dizia sobre a cultura burguesa em relação ao proletariado: não passam de "um adestramento para os homens agirem como máquinas". Se queremos que o Brasil se torne um país forte, exportador de tecnologia e que seu povo tenha consciência de classe, estamos no caminho errado.

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  1. Saúde.
    Concordo que a educação que recebo é pura e simplesmente instrução técnica.
    Não vou entrar no mérito do texto - Marx pode ter feito uma análise correta; ou previsto corretamente sobre o desserviço do capitalismo em relação a educação. Uma educação que não é integral, é obviamente, fragmentada. O homem que percebe o processo de formação educacional como responsabilidade estatal e vinculada, única e exclusivamente, a sua profissão, engana-se. O resultado são dois extremos, isto é, ou o sujeito faz conclusões precipitadas, ou pior, não consegue integrar o conhecimento.
    Claro, não sou o senhor Piaget, entretanto recomendo:
    Voltem-se para os clássicos. Educação é não só um direto, mas um dever de todos.

    Fraterno abraço,
    Marcus.

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  2. Olá, Marcus,

    Eu também experimento esse tipo de ensino em minha faculdade. É que além de cursar Filosofia, eu estou ao término do bacharelado em Sistemas de Informação, área na qual atuo profissionalmente.

    Como proletário, tendo apenas minha força de trabalho para vender a algum capitalista e assim garantir minha sobrevivência, atuo numa área extremamente tecnicista para garantir pelo menos um salário mínimo constitucional.

    Mas antes de entrar na faculdade, eu já havia feito um curso técnico na mesma área (informática). E o que eu percebi ao comparar as duas experiências é: esse curso dito "superior" é apenas um curso técnico de maior duração. Eu ainda não descobri o que significa dizer que tais cursos são "superiores".

    As faculdades não escondem que não têm a menor intenção de formar homens, mas sim apenas servidores do capital: até em suas peças publicitárias isso já transparece. Daí nos depararmos com slogans como "Faculdade X: forma você para o mercado".

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