A cabeça de Medusa, por Sigmund Freud


Não foi amiúde que tentamos interpretar temas mitológicos individuais, mas uma interpretação sugere-se facilmente no caso da horripilante cabeça decapitada da Medusa.

Decapitar = castrar. O terror da Medusa é assim um terror de castração ligado à visão de alguma coisa. Numerosas análises familiarizam-nos com a ocasião para isso: ocorre quando um menino, que até então não estava disposto a acreditar na ameaça de castração, tem a visão dos órgãos genitais femininos, provavelmente os de uma pessoa adulta, rodeados por cabelos, e, essencialmente, os de sua mãe.

Os cabelos na cabeça da Medusa são freqüentemente representados nas obras de arte sob a forma de serpentes e estas, mais uma vez, derivam-se do complexo de castração. Constitui fato digno de nota que, por assustadoras que possam ser em si mesmas, na realidade, porém, servem como mitigação do horror, por substituírem o pênis, cuja ausência é a causa do horror. Isso é uma confirmação da regra técnica segundo a qual uma multiplicação de símbolos de pênis significa castração.

A visão da cabeça da Medusa torna o espectador rígido de terror, transforma-o em pedra. Observe-se que temos aqui, mais uma vez, a mesma origem do complexo de castração e a mesma transformação de afeto, porque ficar rígido significa uma ereção. Assim, na situação original, ela oferece consolação ao espectador: ele ainda se acha de posse de um pênis e o enrijecimento tranqüiliza-o quanto ao fato.

Esse símbolo de horror é usado sobre as suas vestes pela deusa virgem Atena, e com razão, porque assim ela se torna uma mulher que é inabordável e repele todos os desejos sexuais, visto apresentar os terrificantes órgãos genitais da Mãe. De vez que os gregos eram, em geral, fortemente homossexuais, era inevitável que encontrássemos entre eles uma representação da mulher como um ser que assusta e repele por ser castrada.

Se a cabeça da Medusa toma o lugar de uma representação dos órgãos genitais femininos ou, melhor, se isola seus efeitos horripilantes dos dispensadores de prazer, pode-se recordar que mostrar os órgãos genitais é familiar, sob outros aspectos, como um ato apotropaico. O que desperta horror em nós próprios produzirá o mesmo efeito sobre o inimigo de quem estamos procurando nos defender. Lemos em Rabelais como o Diabo se pôs em fuga quando a mulher lhe mostrou sua vulva.

O órgão masculino ereto também possui um efeito apotropaico, mas graças a outro mecanismo. Mostrar o pênis (ou qualquer de seus sucedâneos) é dizer: ‘Não tenho medo de você. Desafio-o. Tenho um pênis.’ Aqui, então, temos outra maneira de intimidar o Espírito Mau.

A fim de substanciar seriamente essa interpretação, seria necessário investigar a origem desse símbolo isolado de horror na mitologia grega, bem como paralelos seus em outras mitologias.
Artigo publicado na Edição Standard das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud, vol. XVIII.




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  1. Desculpe, mas não pude deixar de comentar. Soui historiadora, tenho especialização em antiguidade clássica, mestrado e doutorado em Grécia Antiga. E após ler o seu texto, pergunto: Com base em quê, em quais fontes, você afirma que os gregos eram fortemente homossexuais? Da próxima vez que queira afirmar algo, leia, pesquise, estude ou busque orientação de um profissional que entenda da área, mas não saia falando merda.

    ps. Nada contra a homossexualidade, até porque sou bi, porém sua informação está totalmente incorreta, equivocada e absurdamente superficial.

    Beijos

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    1. Concordo plenamente com o senhor Glauber e também com a afirmação que a maioria dos gregos eram fortemente homossexuais sim.Tenho curso superior.

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  2. Cara Anne, você tem algum problema. Você seria um caso psicanalítico interessante de se estudar. Este texto não é meu, é de autoria de Sigmund Freud, como diz o título, em letras garrafais. Você não se expressa como quem tem os títulos acadêmicos que diz ter. Pra mim está claro que não tem. Eu pensei em apagar seu comentário, já que não acrescenta nada ao blog, mas vou deixa-lo aí, para sua própria vergonha.

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