La Maison Dieu, da Legião Urbana

A história desta música diz que Renato Russo hesitou lançá-la no último álbum da Legião Urbana para não "comprar briga" com os militares. E, de fato, ela só saiu no disco póstumo "Uma outra estação". Nesta letra ele denuncia a ditadura militar, a prática de torturas, chama o exército de "merda" e diz que "Não, nunca poderemos esquecer \ Nem devemos perdoar \ Eu não anistiei ninguém". É uma espécie de blues elétrico, de atmosfera carregada, que evoca o clima do que realmente foram os anos de chumbo. Esta montagem que fizeram no Youtube também ficou interessante.

"Eu sou a pátria que lhe esqueceu
O carrasco que lhe torturou
O general que lhe arrancou os olhos
O sangue inocente de todos os desaparecidos
O choque elétrico e os gritos
Parem, por favor: isso dói
[...]
Eu sou a lembrança do terror
De uma revolução [de 1964] de merda
De generais e de um exército de merda
Não, nunca poderemos esquecer
Nem devemos perdoar
Eu não anistiei ninguém"




La Maison Dieu
(Dado Villa-Lobos / Renato Russo / Marcelo Bonfá)

Se dez batalhões viessem à minha rua 
E vinte mil soldados batessem à minha porta 
À sua procura 
Eu não diria nada 
Porque lhe dei minha palavra 

Teu corpo branco já pegando pêlo 
Me lembra o tempo em que você era pequeno 
Não pretendo me aproveitar 
E de qualquer forma quem volta 
Sozinho p'rá casa sou eu 

Sexo compra dinheiro e companhia 
Mas nunca amor e amizade, eu acho 
E depois de um dia difícil 
Pensei ter visto você 
Entrar pela minha janela e dizer 
- Eu sou a tua morte 
Vim conversar contigo 
Vim te pedir abrigo 
Preciso do teu calor 

Eu sou 
Eu sou 
Eu sou a pátria que lhe esqueceu 
o carrasco que lhe torturou 
o general que lhe arrancou os olhos 
o sangue inocente 
de todos os desaparecidos 

O choque elétrico e os gritos 
- Parem por favor, isso dói 

Eu sou 
Eu sou 
Eu sou a tua morte 
Vim lhe visitar como amigo 
Devemos flertar com o perigo 
Seguir nossos instintos primitivos 
Quem sabe não serão estes 
Nossos últimos momentos divertidos? 

Eu sou a lembrança do terror 
De uma revolução de merda 
De generais e de um exército de merda 
Não, nunca poderemos esquecer 
Nem devemos perdoar 
Eu não anistiei ninguém 

Abra os olhos e o coração 
Estejamos alertas 
Porque o terror continua 
Só mudou de cheiro 
E de uniforme 

Eu sou a tua morte 
E lhe quero bem 
Esqueça o mundo, vim lhe explicar o que virá 
Porque eu sou, eu sou, eu sou

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